Em um movimento polêmico, a Meta levantou recentemente a bandeira do fim das agências. Não é a primeira vez que uma big tech profetiza a extinção de intermediários criativos e estratégicos. Em nome da eficiência, escalabilidade e dados, plataformas como Meta (Facebook), Google e Amazon constantemente empurram as marcas para estruturas mais enxutas, mais técnicas e, claro, mais dependentes delas mesmas.
A Meta não quer acabar com as agências por ideologia. Ela quer intermediar diretamente o orçamento das marcas. Quando a Meta fala em Inteligência Artificial (IA) e dados como substitutos das agências, ela está promovendo uma visão centrada em automação de mídia, não em construção de marca, estratégia de longo prazo ou sensibilidade cultural.
A crítica é válida. Muitas agências ainda operam em modelos lentos, desconectados de dados e com pouca agilidade. Mas isso não significa que seu papel deixou de existir. Significa apenas que ele precisa ser reorganizado.
O novo papel das agências
O que as agências precisam entender é que o que está em xeque não é a existência delas, mas a relevância organizacional.
A transformação que se exige hoje é menos sobre criar com IA e mais sobre reorganizar times, processos, ferramentas e entregas para um novo tempo. Isso exige:
Redesenho das estruturas operacionais
Squads multidisciplinares, sprints de entrega contínua, product managers criativos, cientistas de dados plugados desde o briefing. A agência do futuro é modular, sem muros entre criação, mídia, dados e tecnologia.
Governança de Inteligência Artificial
Não basta usar IA como um brinquedo criativo. É preciso desenvolver frameworks éticos, operacionais e criativos para a adoção de IA generativa, desde a produção até a estratégia. O uso responsável, rastreável e inteligente dessas ferramentas será um diferencial competitivo real.
Integração com dados do cliente
É hora de parar de trabalhar no vácuo. Agências precisam estar integradas a Gerenciamento de Relacionamento com o Cliente, Plataforma de Gerenciamento de Dados e Plataforma de Dados do Cliente, traduzindo dados em narrativas estratégicas e criativas com impacto real de negócio.
Reposicionamento como arquitetas de ecossistemas
Mais do que entregadoras de peças, as agências precisam ser sistemas operacionais criativos, que orquestram canais, dados, testes, cultura e performance em ciclos contínuos de aprendizado e melhoria.
Confundir eficiência operacional com estratégia de marca é um erro clássico de quem vê o marketing apenas pela lente da performance. As marcas que sobreviverão não são apenas as mais eficientes; são as mais relevantes, coerentes e culturalmente vivas. Isso ainda exige algo que a IA, por enquanto, não domina: sensibilidade e contexto. A mudança no modelo de agência começa com estrutura interna, processos, cultura e posicionamento estratégico.