O mercado de infoprodutos no Brasil vive uma aceleração inédita, revelando uma transformação estrutural no modo como conhecimento, habilidades e experiências estão sendo monetizados. A economia digital, que já vinha evoluindo nos últimos anos, ganhou contornos mais nítidos com a consolidação da figura do infoprodutor, profissional que cria, distribui e vende produtos digitais como cursos, e-books, mentorias, workshops e assinaturas de comunidades online.
Segundo pesquisa divulgada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), 42% dos entrevistados afirmaram que a venda de produtos digitais é a principal fonte de renda deles. O dado não apenas confirma a relevância do setor, mas também evidencia um novo padrão de comportamento empreendedor, em que o conhecimento especializado e o domínio de plataformas digitais se tornam ativos econômicos.
Uma nova classe de empreendedores
O perfil do infoprodutor brasileiro é heterogêneo. Vai desde especialistas com formação acadêmica que veem no digital um canal para ampliar impacto e faturamento, até pessoas que transformaram as próprias vivências práticas em conteúdos estruturados, validados por suas audiências.
O baixo custo de entrada, impulsionado por plataformas como Hotmart, Eduzz, HeroSpark, entre outras, tem permitido que milhares de pessoas testem modelos de negócio digitais com rapidez e agilidade. Ao mesmo tempo, a sofisticação do público consumidor exige cada vez mais qualidade, clareza de entrega e profissionalismo. Isso tem levado a um movimento de maturação entre os criadores, que agora investem em copywriting, funis de venda, tráfego pago e estratégias de posicionamento de marca pessoal.
Dados que apontam para um novo ecossistema
O dado fornecido pela FGV sugere que o Brasil caminha para ter um ecossistema digital robusto, em que o mercado de ensino online, mentorias especializadas e conteúdos sob demanda se tornam parte relevante do PIB informal.
Tendências e desafios
Apesar do avanço, o setor ainda enfrenta desafios significativos. A regulação sobre o conteúdo vendido digitalmente, a necessidade de maior transparência nas promessas de transformação e a profissionalização da jornada de compra são pontos sensíveis. Também há uma crescente exigência por certificações de qualidade, especialmente em nichos técnicos e educacionais.
Em paralelo, observa-se uma valorização crescente de comunidades pagas, modelos de recorrência (como clubes e academias digitais) e produtos que vão além do conteúdo estático, incorporando elementos de mentoria, suporte individualizado e gamificação.
Os infoprodutos deixaram de ser uma tendência e passaram a ser uma das ramificações da nova economia digital brasileira. O infoprodutor de hoje é um microempreendedor com visão estratégica, que entende que vender conhecimento exige mais do que conteúdo.
À medida que o mercado amadurece, espera-se que os infoprodutos deixem de ser vistos como “fórmulas mágicas” e passem a ocupar uma posição de veículos sólidos de transformação profissional e pessoal, sustentados por dados, estratégia e qualidade.