Por Fernando Nery, cofundador da Portão 3. Artigo publicado originalmente no BP Money.
Se tem um segmento do ecossistema de inovação que segue em ascensão após a onda de layoffs, retenção de investimentos e inflamação econômica, é o de fintechs - ou seja, empresas que introduzem inovações nos mercados financeiros por meio do uso intenso de tecnologia. As fintechs continuam prosperando e caminham para tornar o ano de 2023 seu período de consolidação no cenário econômico atual.
Relatórios sobre o universo das Fintechs
Aqui vale destacar dados do relatório semestral Pulse of Fintech H2’22, publicado pela HPMG: em 2022, o setor registrou mais de 6 mil transações com volume total de US$ 164,1 bilhões, sendo que apesar dos números expressivos, apresentou uma redução de 32% quando comparado com 2021 (US$ 238 bilhões). Todavia, essa queda no volume não impediu que grandes transações acontecessem, mantendo o mercado aquecido e promissor para 2023.
Segundo o Fintech Report 2023, ao todo, as fintechs brasileiras já receberam US$9.1 bilhões em investimentos. Penso que as fintechs exercem um papel relevante em momentos como o que vivemos hoje, já que elas se propõem a resolver problemas reais enfrentados por empresas de diversos tamanhos, sempre trazendo soluções que visam eliminar as barreiras burocráticas e tornar o setor mais democrático e inclusivo para todos.
Entendo que a tecnologia desempenha um papel fundamental, permitindo o desenvolvimento de soluções cada vez mais customizáveis, capazes de atender às mais diversas demandas.
Percebi que é parte da humanidade encontrar maneiras mais eficazes de fazer qualquer coisa, e a nossa missão era resolver problemas comuns com os quais CFOs e seus times financeiros convivem há anos. No entanto, mais do que simplesmente resolvê-los, a gente quis ouvir e apoiar toda a nossa base de clientes e o mercado em que estamos inseridos. A proximidade com o cliente nos permitiu compreender a fundo suas dores e desafios, proporcionando um suporte efetivo e personalizado. Se eu não tivesse parado para ouvir meus clientes, eu não teria conseguido tirar do papel metade do produto que temos hoje.
Grande parte das nossas soluções vieram de conversas profundas com quem precisa da gente. Ao unir a inovação tecnológica com a empatia e o apoio humano, eu acredito que as fintechs se destacam exatamente por oferecer uma experiência completa e satisfatória para um mercado que ainda precisa da gente para acelerar e digitalizar.
Hoje em dia, toda empresa deveria pensar em como aproveitar os serviços financeiros para atender melhor seus clientes, retê-los e gerar mais negócios. No final das contas, a capacidade de utilizar os serviços financeiros de forma estratégica e eficiente pode ser o diferencial que impulsiona o crescimento e o sucesso de uma empresa no mercado atual.
Outros pontos importantes a considerar são mudanças de governo e no cenário econômico – alta inflação e aumento das taxas de juros –, assim como a falta de saídas de IPO e turbulência no setor de criptomoedas, sendo esses os fatores determinantes na queda de transações. Mesmo com esses agravantes, a motivação e expectativa de fundadores e investidores de fintechs não foram abaladas, mantendo-os no caminho da consolidação.
Ainda de acordo com o relatório do Pulse of Fintech H2’22, o setor de pagamentos se mantém como o subsetor mais forte das fintechs, representando US$53,1 bilhões em investimento total. Atualmente, as Américas continuam como as forças dominantes dos investimentos em fintechs no mundo, somando US$68,6 bilhões em investimentos no ano de 2022.
Daqui em diante
Diante do desafiador cenário atual, podemos afirmar que as fintechs transformaram o mercado brasileiro. Se hoje temos diversas startups com serviços de crédito, banco, contas digitais, meios de pagamentos, open finance e tantos outros, foi porque o caminho foi arduamente trilhado e conquistado aos poucos.
Importante observar também que mesmo vivendo o temido “inverno das startups” nos últimos doze meses, as fintechs conseguiram se manter competitivas e em crescimento, não raro figurando entre as startups que receberam significativos aportes. Fintechs que atuam no segmento de turismo estão se popularizando e ganham cada vez mais atenção dos investidores e fundos.
Fato é que 2023 transformou e ampliou as possibilidades de consolidação para as fintechs, mostrando que mesmo em momentos de dificuldade, o solo pode ser fértil para quem souber usar da inteligência para atrair oportunidades. Em uma crise, empresas e pessoas precisam de soluções financeiras rápidas e eficientes - neste contexto, fintechs são a melhor opção para a solução dos problemas.
4 de jul. de 2023